tag:blogger.com,1999:blog-16182648.post3543110530245153923..comments2023-04-15T05:17:51.007-03:00Comments on Filósofo Grego: Filosofia do Direito: Contexto de Descoberta X Contexto de JustificaçãoProf. André Coelhohttp://www.blogger.com/profile/17791546944482703441noreply@blogger.comBlogger4125tag:blogger.com,1999:blog-16182648.post-13831050191750941802007-11-13T10:34:00.000-03:002007-11-13T10:34:00.000-03:00Querido Yúdice, sinto-me honrado por sua visita e ...Querido Yúdice, sinto-me honrado por sua visita e duplamente honrado por seu comentário.<BR/><BR/>Sua "especulação" é mais que razoável; eu a consideraria mesmo inegável do ponto de vista da explicação sócio-psicológica das tendências prévias de compreensão e de aprovação nesse ou naquele sentido (o inglês têm um termo, "bias", perfeito para designar essas propensões) a que todo sujeito de conhecimento está mais ou menos exposto.<BR/><BR/>Contudo, quero destacar duas coisas.<BR/><BR/>A primeira é a importância de manter a distinção entre os dois níveis: uma coisa é o que pode ter levado um sujeito em particular a compreender algo de certa maneira ou a concordar com certa posição em tal controvérsia; outra coisa, bem diferente, é o que poderia ser alegado por esse sujeito numa possível argumentação com outro que entedesse de maneira diversa ou abraçasse o lado contrário da divergência. A primeira coisa pertence à sociopsicologia da compreensão; a segunda, pertence à lógica argumentativa daquele campo em particular. Feita essa distinção, podemos ir ao segundo destaque.<BR/><BR/>Na sua própria pergunta, a fim de tornar sua hipótese mais verossímil, você empregou, a propósito do assunto sobre o qual o sujeito hipotético lia dois textos, a expressão "sobre um assunto no qual é, decididamente, leiga". Essa observação certamente modifica o cenário da sua hipótese, tornando-a mais provável de ser verdadeira. Isso ocorre porque, ainda que intuitivamente, temos a noção de que nossa suscetibilidade à influência das propensões prévias é tanto maior quanto menor é o número de informações de que dispomos a respeito do assunto. Tornando essa intuição um pouco mais precisa, poderíamos dizer que ficamos menos expostos a essas propensões prévias não exatamente quanto mais informações tenhamos (afinal, essas informações podem ser todas fornecidas por apenas um dos lados da controvérsia, e nesse caso a maior quantidade seria antes um fator de maior distorção), mas sim quanto maiores forem a amplitude e a diversidade de perspectivas a que temos acesso, ao mesmo tempo que a quantidade de experiência direta ou concreta com a coisa em exame, que nos forneça algum crivo de dsitinção entre o que é mais e o que é menos aceitável de cada uma das perspectivas examinadas. Acredito que nunca nos livramos das tais propensões prévias, mas podemos tornar a nossa compreensão suficientemente independente delas para poder compreender o lado contrário ao nosso e eventualmente aderir, parcial ou mesmo integralmente, à sua posição. Acho que isso já é bastante satisfatório em termos da independência a que podemos aspirar no aspecto cognitivo.<BR/><BR/>Apenas para não deixar passar sem comentário, quero também ressaltar que, embora seja inegável a influência de nossa história de vida anterior como fator de distorção da compreensão e da aprovação teórica (como no caso do filho do madeireiro em relação aos planos de manejo florestal, que você ilustrou), essa mesma história de vida pode fornecer na verdade elementos de compreensão e aprovação mais claros e conscientes (alguém que tivesse uma posição diversa da sua sobre aquele assunto diria que a biografia do sujeito teria na verdade contribuído para que ele percebesse a verdade por trás da retórica ambiental inflamatória etc.). A separação entre os casos em que as propensões prévias são fatores de distorção acrítica ou fatores de discernimento crítico pode ser largamente dependente de se tais propensões conduzem ao lado com que se concorda ou ao lado de que se discorda.<BR/><BR/>Que acha?Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16182648.post-56931078874762767602007-11-13T08:52:00.000-03:002007-11-13T08:52:00.000-03:00Excelente postagem, para variar. Enquanto a lia, c...Excelente postagem, para variar. Enquanto a lia, contudo, elucubrava sobre o conhecimento. Aquilo que conhecemos não é, de algum modo, reflexo de algo que já temos conosco, talvez as nossas verdades íntimas e inconscientes?<BR/>Suponhamos que uma pessoa leia dois textos sobre um assunto no qual é, decididamente, leiga. O primeiro não condiz com sua educação familiar ou sua moral (pessoal ou religiosa, p. ex.). Ela o rejeita intimamente. Em seguida, lê o segundo texto, calcado em bases que lhe parecem simpáticas. Ao final, está convencida de que aquela é a explicação correta. Suponhamos, ainda, que o assunto em questão seja algo de demonstração difícil, como os efeitos sociais e políticos de décadas de atividades econômicas na Amazônia. Afinal, o que está certo ou errado? Provavelmente, o certo será definido pelos interesses prevalecentes do leitor. Se ele, p. ex., tiver um parente madeireiro, talvez ele seja um árduo defensor dos famigerados planos de manejo florestal, acreditando <I>piamente</I> que eles asseguram o desenvolvimento sustentável, na prática.<BR/>Voltando então ao juiz. Ao usar todos aqueles justos argumentos jurídicos, não estaria ele apenas selecionando o que atendeu aos seus anseios, ainda que inconscientemente? Não se trata de forçar a fundamentação da decisão que eu quero, mas de <I>compreender</I> conceitos e normas de acordo com minhas preferências.<BR/>É uma especulação razoável, se me fiz entender?Yúdice Andradehttps://www.blogger.com/profile/17233579514441565014noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16182648.post-10948425387354984682007-11-12T10:57:00.000-03:002007-11-12T10:57:00.000-03:00Obrigado, Reinaldo. Volte sempre ao blog, ok?Obrigado, Reinaldo. Volte sempre ao blog, ok?Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16182648.post-73038940463074291832007-11-12T10:54:00.000-03:002007-11-12T10:54:00.000-03:00André, a seu pedido, vim conferir a postagem, que ...André, a seu pedido, vim conferir a postagem, que está muito boa, como sempre. A distinção traçada é mesmo fundamental. Eu a conhecia com o nome de explicação X justificação, mas aqui o nome é o que menos importa. Parabéns!Reinaldo Leãohttps://www.blogger.com/profile/07871055153955284249noreply@blogger.com