O Que É Pragmática Linguística?

As dimensões de estudo da linguagem são três: sintática, semântica e pragmática. A sintática diz respeito às relações formais entre os signos, independentemente de seus significados. Dizer "um círculo rendonda" é cometer um erro sintático, porque, independentemente de que "redondo" seja ou não um qualificativo apropriado para "círculo", o fato de este vir no masculino deveria implicar que aquele também viesse. A semântica diz respeito às relações entre os signos e seus significados. Dizer "um círculo quadrado" é cometer um erro semântico, porque, embora, sintaticamente, o qualificativo esteja agora no gênero correto, semanticamente "quadrado" não é apropriado para "círculo". A pragmática diz respeito às relações entre os signos e seus usuários, os falantes. Responder "É verdade" para quem disse "A porta ficou aberta" é cometer um erro pragmático, porque, naquele contexto, a frase não era uma declaração do que havia acontecido à porta, e sim um pedido para fechá-la, cuja resposta apropriada seria a ação correspondente. Assim, pragmática é a dimensão do estudo da linguagem que se ocupa das relações entre os signos e seus usuários em contexto concretos de uso.

Comentários

Parabéns pelo conteúdo de seu blog. Sempre gosto de dar uma lida por aqui. Gostaria até que fosse atualizado com mais frequência. Sempre é bom ler assuntos interessantes e com bons fundamentos.
Muito bom.

Abraços.
Podemos, então, imaginar o problema de pragmática linguística quando uma norma é transgredida. Não que uma transgressão seja necessariamente um problema de pragmática, mas pode vir a ser.

Em se tratando de Direito Penal é mais fácil de observar...mas penso que a reflexão está no que causa um problema de pragmática, ou seja, quais os fatores que levaram o indivíduo a ter seu julgamento, ou melhor, a comunicação com a norma viciados...mas com um livre arbítrio viciado, pode-se falar em pragmática?
Não seria a pragmática um erro consciente, no sentido de que pode ser vencível com uma maior atenção do indivíduo?

www.graimneto.blogspot.com
Anônimo disse…
Leonardo, obrigado pela visita e pelo comentário. Sempre que quiser, pode fazer críticas, perguntas e sugestões, que todas serão muito bem vindas.

Antônio, fiquei um pouco confuso com seu comentário. Então, você supõe que a transgressão da norma seja um exemplo de erro pragmático. Provavelmente porque a norma, a exemplo do pedido, requer uma ação (aqui você está supondo a teoria imperativista da norma, mais ou menos ao estilo de John Austin, concebendo a norma como um tipo de comando dirigido ao jurisdicionado, mandando-o fazer ou deixar de fazer certa coisa) e a resposta adequada seria a ação correspondente. A ação que a transgride seria, então, a resposta inadequada para ela. Estou certo? Foi assim que você entendeu? Se foi, então caberia distinguir entre o "erro pragmático", que ocorre quando as condições da relação entre linguagem e ação segundo expectativas estabilizadas são violadas (esse é mais o caso do erro, da ignorância, do excesso), e a transgressão, que exige consciência da resposta adequada e vontade de afastar-se dela. Creio que a transgressão não seria um erro pragmático, e sim uma contraposição consciente às expectativas pragmáticas fixadas pela norma. Não sei se consegui entendê-lo bem e satisfazê-lo com a resposta. De qualquer modo, fico à disposição para que você me corrija ou me interpele novamente. Abraço!
Edilson Pantoja disse…
Olá, André! Descobri teu blog desde um tempo, quando pesquisava referências sobre a Ética do Discurso. Além do tema que me trouxe aqui, ainda li outras coisas e constatei a qualidade de tuas informações. Desde então criei um link em meu blog, o que me deixa sempre por dentro de tuas atualizações.
Abraço!
Professor,
meu questionamento foi imnterpretado corretamente. Obrigado pela resposta. Acho que consegui compreender melhor, agora.

Desde já, desejo-lhe uma boa viagem e que tudo dê muito certo nesta nova etapa de sua vida acadêmica. Poder contar que sempre terá a torcida de seu aluno, aqui de belém.

Grande abraço.
Marcos Zamith disse…
Bom texto, exceto por não considerar a morfologia em se tratando da linguagem. Seria melhor então considerar a morfologia (onde está o problema do gênero citado) e a sintaxe (funções que os termos exercem na oração), ou morfossintaxe, juntandoo ambas numa só.
Gestando Ideias disse…
Muito boa, sua colocação. Bastante esclarecedora e de forma bem simplificada , bacana. Parabéns!
Kady Mixinge disse…
Parabéns pelo blog. Gostaria de saber se tem alguma referências bibliográficas em relação a pragmática linguística do inglês.

Obrigado e continue o bom trabalho.

Abraços.

Kady

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