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Mostrando postagens de abril, 2014

Citações Explicadas: Thomas Hobbes, Leviatã

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Iniciando um conjunto de postagens dedicadas ao comentário de passagens famosas da história da filosofia, especialmente algumas que costumam ser mal compreendidas ou cujos aspectos mais interessantes costumam passar despercebidos, gostaria de usar para estreia deste espaço uma citação do parágrafo que abre o Cap. XIII da Parte I do Leviatã, de Thomas Hobbes. Thomas Hobbes Citação original: Nature hath made men so equal in the faculties of body and mind as that, though there be found one man sometimes manifestly stronger in body or of quicker mind than another, yet when all is reckoned together the difference between man and man is not so considerable as that one man can thereupon claim to himself any benefit to which another may not pretend as well as he. For as to the strength of body, the weakest has strength enough to kill the strongest, either by secret machination or by confederacy with others that are in the same danger with himself. Citação traduzida (tradução m

Perelman sobre Princípio da Inércia: Explicação e Crítica

Perelman usa o conceito de “princípio da inércia”: a teoria já amplamente aceita tem preferência na discussão, cabendo a qualquer teoria concorrente um ônus argumentativo duplo de provar, primeiro, que a teoria já aceita está errada e, depois, que sua alternativa é melhor que a dela. Se X já é aceita, Y precisa provar primeiro que X está errada e depois que é melhor que X; se não o faz, X prevalece. A analogia com a primeira lei de Newton é bem evidente: assim como um corpo tende a permanecer em seu estado de repouso ou movimento a menos que uma força intervenha para produzir uma mudança, um auditório tende a permanecer com as ideias em que já acredita a menos que uma teoria concorrente as derrube e as substitua satisfatoriamente. Mas, diferentemente da primeira lei de Newton, o princípio da inércia não é uma representação apenas de como os auditórios se comportam, mas também de como têm boas razões para se comportar, de como deveriam se comportar: Eles deveriam tratar seu regime

Wittgenstein sobre Semelhanças de Família

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Tudo começa com uma sequência de argumentos, de §66 a §68 das Investigações Filosóficas , de 1953. Estes parágrafos mudaram a história do pensamento. Wittgenstein está tentando mostrar que o fato de empregar-se um mesmo nome para vários exemplares não prova, automaticamente, que todos eles têm certo conjunto de características comuns. Ou seja, está tentando refutar o essencialismo. O essencialismo, neste caso, seria a doutrina de que qualquer conjunto de exemplares chamados por um mesmo nome, empregado no mesmo sentido, deve ter um conjunto de características comuns a todos eles, isto é, uma essência. Ter o mesmo nome implicaria ter a mesma essência. Restaria apenas, em seguida, descobrir no que consiste esta essência, isto é, trazer à tona o conjunto de características compartilhadas por todos os exemplares do mesmo nome. Essa forma de pensar havia dominado amplamente o pensamento filosófico até então. Wittgenstein quer refutar precisamente esta ideia. Ele quer formular um poderoso a