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Mostrando postagens de maio, 2011

Resenha de "Moral Responsability", Cap. 6 (p. 99-122) de Justice for Hedgehogs, de Ronald Dworkin

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O capítulo se chama "Moral Responsability" e nele Dworkin introduz a noção de responsabilidade como distinta da correção (accuracy) de um raciocínio moral. Ex. Se tenho que decidir sobre se acho as ações afirmativas justas ou injustas , posso decidir no cara-e-coroa ou posso raciocinar cuidadosamente a respeito. É sempre possível que, decidindo no cara-e-coroa, eu consiga, por feliz coincidência, encontrar a resposta certa, assim como é sempre possível também que, refletindo cuidadosamente a respeito, eu ainda assim chegue à resposta errada. Contudo, a resposta obtida por cara-e-coroa, mesmo que correta, teria sido irresponsável (porque baseada num esquema arbitrário de decisão), enquanto a resposta por cuidadosa reflexão, mesmo que incorreta, teria sido responsável (porque baseada numa forma razoável de busca da resposta correta). Assim, é possível que, para perguntas morais, existam respostas corretas e incorretas (quanto ao acerto ou erro de seu conteúdo) e respostas respo

Sobre o Nome "Justice for Hedgehogs" do Novo Livro de Dworkin

Por que "Justice for Hedgehogs"? O nome se refere a um famoso ensaio de Isaiah Berlin, em que ele separa os escritores e pensadores em dois tipos: Os que pensam todas as coisas a partir de uma única ideia central, que seriam os "ouriços" ( hedgehogs ); e os que pensam muitas coisas, cada uma a sua maneira, sem compor um sistema nem reduzi-las a um princípio único, que seriam as "raposas" ( foxes ). Como Dworkin pretende unificar a partir de uma única abordagem toda a gama de posições que ele expressou sobre vários assuntos ao longo de sua carreira, cai-lhe bem a descrição de que está tentando apresentar uma teoria da justiça típica de um "ouriço" no sentido de Berlin. A ideia da distinção entre ouriços e raposas está bem expressa logo no primeiro parágrafo do ensaio de Berlin, que eu transcrevo aqui: There is a line among the fragments of the Greek poet Archilochus which says: 'The fox knows many things, but the hedgehog knows one big thing

Sobre Terrorismo no Atual Direito Internacional: Uma Postagem por Édissa Outeiro

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Édissa Outeiro Poucas coisas deixam um professor tão feliz e orgulhoso quanto testemunhar o crescimento de seus alunos até um ponto em que podem contribuir para debates mais amplos e proporcionar aprendizado útil até mesmo a seus antigos mestres. Por isso, quero usar essa postagem para abrir espaço para uma de minhas ex alunas queridas, citada nominalmente na postagem anterior, e que se dedica ao estudo das questões internacionais com vista à consecução de uma carreira diplomática. O texto abaixo (identificado com letra em itálico) pertence à bacharel em Direito e advogada Édissa Outeiro, graduada em Direito pelo CESUPA e pós-graduada em Direito Internacional pela PUC-SP, alguém com quem tenho a sorte e o prazer de ter mantido contato mesmo após o fim da relação em sala de aula. Muito da dificuldade em lidar com questões relacionadas a atentados terroristas reside na inexistência de uma definição oficial na comunidade internacional do que abrange o termo “terrorismo”. A exemplo

Nota sobre a Morte de Osama

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(Post pensado a partir dos excelentes comentários no mesmo sentido feitos por minha ex-aluna Édissa Outeiro, de quem só tenho cada vez mais motivos para me sentir orgulhoso.) Não querendo cansar muito quem já não aguenta mais ler sobre esse assunto desde ontem à noite, vou apenas compartilhar com os leitores do blog minha posição sobre o assunto, que já registrei também noutras redes sociais: Não há nada para comemorar na morte de Osama Bin Laden. Caçar um terrorista por anos e, encontrando-o, matá-lo sumariamente é, quando muito, demonstração de organização, de astúcia e de força, mas nunca de justiça. A maior "vingança" (na verdade, resposta) contra Bin Laden seria a montagem e celebração de um sistema internacional de responsabilização com leis prévias eficazes e tribunais imparciais em que criminosos como ele pudessem ser adequadamente julgados e condenados. Se a pena proporcional seria ou não a de morte (eu acho que não seria) seria algo a ser decidido pela comunidad