Por que estudar teoria crítica?
A teoria, no sentido tradicional, pretende nos dar conhecimento e poder. Ela nos diz como o mundo funciona e como podemos alcançar nossos fins. Conecta-se, pois, às ideias de verdade e eficácia. Contudo, pelo mesmo motivo, ela cumpre funções adicionais. Ao nos dar conhecimento, ela mitiga a ignorância, ao passo que, ao nos dar poder, ela mitiga a impotência. Troca a dúvida por certeza, o medo pela esperança. E, se a teoria elimina nossos inimigos, se torna nossa amiga; se afasta nossos senhores, se torna ela própria nossa nova senhora. Com isso se revelam seus perigos ocultos. Quando um traço do mundo é colocado no esquema mais amplo de como as coisas funcionam, ele se torna parte do mundo, tão natural e inevitável quanto qualquer outro. Assim, em sua função de representar o real, a teoria ganha autoridade para declarar o que é real, para dar status de real, natural ou inevitável a alguns traços do mundo em vez de outros. Esta é uma função constitutiva que, embora sendo o oposto lógico da função representativa, é seu complemento dialético. Por causa desta função, a teoria pode desafiar o mundo vigente, ou legitimá-lo completamente. Da mesma forma, quando ela nos indica meios para alcançar nossos fins, declara alguns fins como mais valiosos que outros e estabelece formas de vida e esquemas de convivência específicos como mais adequados que outros. Em sua função de indicar meios, a teoria se torna selecionadora de fins. Esta é uma função avaliadora que, embora sendo o oposto lógico da função orientadora, é seu complemento dialético. Por causa desta função, a teoria pode nos dizer como alcançar um mundo diverso, ou pode nos formar para querermos exatamente os fins que o mundo atual já prescreve. Desenvolve-se entre ser humano e teoria uma relação dialética como a do senhor e do escravo: ao se tornar completamente dependente do escravo, o senhor se torna escravo de seu escravo. Da mesma forma, ao se tornar completamente confiante na teoria, o ser humano deixa de ser seu senhor e se torna seu escravo. Já não usa a teoria para conhecer o mundo como ele é, mas, ao contrário, acredita em qualquer que seja o mundo que a teoria lhe apresente; já não usa a teoria para tomar posse do mundo, mas, ao contrário, permite que através dela o mundo tome posse dele. Este é o fascínio da teoria, o feitiço pelo qual ela se torna senhor de seu senhor.
O que a teoria crítica pretende é desfazer o feitiço exercido pelas teorias tradicionais. Ali onde a teoria tradicional supõe que o mundo que se apresenta a ela é uma ordem a ser explicada, a teoria crítica supõe precisamente o inverso, que se trata de uma desordem que a teoria tradicional quer legitimar e que a teoria crítica quer denunciar e tornar visível. Ali onde a teoria tradicional supõe como fim universal a maximização do êxito individual, mostrando o quanto de liberdade e igualdade têm que ser sacrificados para que este fim seja alcançado, a teoria crítica supõe como fins a liberdade e a igualdade, perguntando-se de que forma o mundo teria que ser reorganizado para servir a estes fins. Disso se seguem alguns dos motivos básicos para estudar teoria crítica: Porque as crenças prevalecentes em cada época procuram dar aparência natural e legítima a inúmeras injustiças e opressões que passam despercebidas como tais; porque ali onde julgamos ser livres pode estar contido o preciso elemento que nos torna escravos; porque a forma como se procura realizar a igualdade pode ser a preciso mecanismo como reproduzimos a desigualdade; porque as coisas que se apresentam como redentoras podem ser elas mesmas as maiores mantenedoras da opressão de que prometem nos libertar. Trata-se basicamente disto: As coisas não têm apenas o seu conteúdo aparente e seu efeito prometido, elas têm também um conteúdo oculto e um efeito inverso ao prometido; noutras palavras, para além da dimensão do lógico, existe a dimensão do dialético, inversa e complementar. Ignorar a dimensão lógica é permanecer na mais pura ignorância; abraçar inteiramente apenas esta dimensão é permanecer na mais pura ingenuidade. É para nos libertarmos da ingenuidade, da injustiça despercebida, da perversidade involuntária, da escravidão consentida que precisamos de teoria crítica. Haveria muito mais a dizer. Mas todo o resto se segue disto:
Por trás de cada explicação se esconde uma legitimação
Por trás de cada nova descoberta se esconde um comando
Por trás de cada nova técnica se esconde uma servidão
Por trás de cada causa nobre se esconde um motivo vil
E, se é que há saída, ela passa pela crítica inoportuna e desconfortável
O que a teoria crítica pretende é desfazer o feitiço exercido pelas teorias tradicionais. Ali onde a teoria tradicional supõe que o mundo que se apresenta a ela é uma ordem a ser explicada, a teoria crítica supõe precisamente o inverso, que se trata de uma desordem que a teoria tradicional quer legitimar e que a teoria crítica quer denunciar e tornar visível. Ali onde a teoria tradicional supõe como fim universal a maximização do êxito individual, mostrando o quanto de liberdade e igualdade têm que ser sacrificados para que este fim seja alcançado, a teoria crítica supõe como fins a liberdade e a igualdade, perguntando-se de que forma o mundo teria que ser reorganizado para servir a estes fins. Disso se seguem alguns dos motivos básicos para estudar teoria crítica: Porque as crenças prevalecentes em cada época procuram dar aparência natural e legítima a inúmeras injustiças e opressões que passam despercebidas como tais; porque ali onde julgamos ser livres pode estar contido o preciso elemento que nos torna escravos; porque a forma como se procura realizar a igualdade pode ser a preciso mecanismo como reproduzimos a desigualdade; porque as coisas que se apresentam como redentoras podem ser elas mesmas as maiores mantenedoras da opressão de que prometem nos libertar. Trata-se basicamente disto: As coisas não têm apenas o seu conteúdo aparente e seu efeito prometido, elas têm também um conteúdo oculto e um efeito inverso ao prometido; noutras palavras, para além da dimensão do lógico, existe a dimensão do dialético, inversa e complementar. Ignorar a dimensão lógica é permanecer na mais pura ignorância; abraçar inteiramente apenas esta dimensão é permanecer na mais pura ingenuidade. É para nos libertarmos da ingenuidade, da injustiça despercebida, da perversidade involuntária, da escravidão consentida que precisamos de teoria crítica. Haveria muito mais a dizer. Mas todo o resto se segue disto:
Por trás de cada explicação se esconde uma legitimação
Por trás de cada nova descoberta se esconde um comando
Por trás de cada nova técnica se esconde uma servidão
Por trás de cada causa nobre se esconde um motivo vil
E, se é que há saída, ela passa pela crítica inoportuna e desconfortável
Comentários
As inscrições vão de 04/02/2014 até as 19h do dia 06/02/2014, no Núcleo de Apoio Docente do CESUSC (NAD), na Rodovia SC 401/Km 10 – Trevo de Santo Antônio de Lisboa – Florianópolis – SC.
Ver site: http://www.cesusc.edu.br/noticia-view.html?id=1808