Verdade: Quatro Concepções

Verdade como correspondência: Concepção do realismo. Um enunciado é verdadeiro se diz que é aquilo que é ou se diz que não é aquilo que não é. É verdadeiro se está em correspondência com fatos no mundo.

Verdade como coerência: Concepção do idealismo. Um enunciado é verdadeiro se está em conformidade (coerência) com outros enunciados já aceitos como verdadeiros. Já uma teoria é verdadeira se seus enunciados são coerentes entre si e coerentes com outros enunciados previamente aceitos.

Verdade como conformidade a uma regra: Concepção do kantismo. Um enunciado é verdadeiro se existe uma regra ou um conjunto de regras (método, procedimento) capaz de validá-lo como verdadeiro.

Verdade como eficiência prática: Concepção do pragmatismo. Um enunciado é verdadeiro se, tomando-o como referência em certa atividade, se alcançam resultados mais satisfatórios que os que alcança tomando como referência seus concorrentes.

Comentários

Ariel Castro disse…
Muito interessante o texto, ilustrou ainda mais meus conhecimentos.

Publiquei no meu Blog hoje.

Ariel
Sandra Maders disse…
André
Penso que os quatro tipos de "verdades" que apresentaste em teu texto de fato podem ser verdade. Mas, penso que não existam verdades absolutas, oque existem são maneiras de explicar fenômenos, acontecimentos.
Suscinto, mas bem simples de entender as diferenças que abordaste.
Abraço
Unknown disse…
Esses quatro caminhos possíveis em conceituar o que venha ser a verdade lembrou-me a afirmação proferida pelo escritor Fabrício Carpinejar ao comentar sobre o livro Filosofia em Comum evidenciando que a vida é maior que a verdade. Corroborando, ao sermos lançados ao mundo o que importa é essa busca em prol da verdade como um objetivo entre vários da existência humana.

Leliane
Unknown disse…
Professsor,
só agora atentei para a pergunta que vc me fez sobre o seu blog. Ainda citando a filosofa Márcia Tiburi, ela proferiu que o filósofo é um poeta cansado...Calma, a mesma explica que tal afirmação se deve, do ponto de vista da filosofia, que a gente trabalha muito mais com a retórica do que com a poesia, ainda "nquanto o poeta chega com a verdade e a coloca de modo brilhante diante de nossos ouvidos, dos nossos olhos, da nossa sensibilidade, o filósofo precisa caminhar e caminhar e caminhar, escavar, duvidar e compreender esse brilho da verdade que não está acessível. No final das contas, o que conta para o filósofo não é o alcance do brilho, mas a possibilidade de buscá-lo, então é nesse sentido que eu quis brincar."
Diante desta assertiva, o seu blog possibilita aproximar a filosofia dos filósofos e "não-filósofos" para além da concretude das academias.
Quanto ao mini-curso, foi ótimo. Uma vez que ainda não tivemos o real encontro com o direito constitucional.

Bjs.
Anônimo disse…
Olá, Leliane, prazer em tê-la aqui de volta. "A vida é maior que a verdade" é, originalmente, uma frase de Nietzsche (em "A gaia ciência", acho), com a qual ele queria dizer que são os valores fortes, aqueles que dizem "sim" à vida, que devem ser tomados como diretrizes, e não uma insossa e vazia "verdade" (com o que ele geralmente se referia à verdade como correspondência e numa concepção empirista mais ou menos ingênua). Fora a estranheza que me causam frases do tipo "Tal coisa é maior que a verdade", porque não vejo como aderir ou não à "verdade" pode ser uma questão de "maior" ou "menor", ainda resta responder como é que seria isso de nos orientarmos por um valor forte maior que a verdade. Por exemplo, a frase "A vida é maior que a verdade" deve ser entendida como verdadeira ou como apenas vital? E frases como "Tal coisa é um valor forte", ou "Tal outra coisa favorece o dizer 'sim' à vida", não devem mais ser entendidas em termos de verdade e falsidade? É nesse sentido que me parece complicado abrir mão da idéia de verdade, ou colocar alguma outra acima dela. Beijos, Leliane.
Anônimo disse…
Ah, bem interessante essa metáfora do poeta cansado... Acredito que a autora tenha novamente ido buscar inspiração em Nietzsche, que, num texto sobre Tales de Mileto (está no volume "Pré-socráticos", da Col. Os Pensadores) compara o filósofo e o cientista a dois caminhantes que querem atravessar um regato, um deles pulando sobre as pedras, apoiando-se em cada uma apenas o tempo suficiente para tomar impulso e pisar a outra em frente, até que chega à outra margem do rio; o outro, desejoso de mais segurança, de mais concretude, vai construindo, passo a passo, uma ponte que liga um lado a outro e só muito depois é que alcança a margem em que o filósofo já esperava por ele há muito tempo. Não são bem isomórficas as duas metáforas, a dela e a de Nietzsche?
bloguamá disse…
Sobre filósofos:

"Na socialização do conhecimento o filósofo prima pelo público. Na na busca da sabedoria, agora distancia-se dos outros."

Pois "o própositos agora é aproximar-se dos mistérios.

Frase proferida por V.Sª., durante a explicação do texto: "O universo espiritual da polis", no 2º semestre/2008,no curso de direito da Fcat.

Quanto ao resultado não tenho dúvidas que serás aprovado. Estamos torcendo.

Antonio Soares
Anônimo disse…
Muito bom seu texto sobre as concepções da verdade!!!
Mas fica uma pergunta, são somente 4 as concepções da verdade?
a verdade tem varias linguás, várias maneiras!
a verdade possui inúmeros significados, dependendo da pessoa que a define...
como Nietzsche dize:
“a verdade é um ponto de vista”.

até a proxima...
Anônimo disse…
Meu caro, se a verdade for apenas um ponto de vista, então os pontos de vista ficariam sem contraponto crítico algum, de modo que um não seria nem melhor nem pior que o outro. O motivo pelo qual se tem e se expressa um ponto de vista não se esgota em ter um ponto de vista, mas em ter um melhor que outros possíveis por razões que não sejam de mera crença ou preferência. Reveja aí estas suas concepções porque acho que o perspectivismo nietzscheano, interpretado assim, leva àquele niilismo contra o qual ele, Nietzsche, afirma ser a cura.

Abraço!

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