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Mostrando postagens de novembro, 2009

Arte e valor intrínseco

Escrevo motivado por esta discussão no blog Arbítrio do Yúdice . Arte é toda manifestação cultural em que se realize um ideal estético. Assim, não basta ser música para ser, automaticamente, arte. Não basta ser dança para ser, automaticamente, arte. Não basta ser pintura para ser, automaticamente, arte. É preciso que a música, a dança, a pintura etc. em questão realize um ideal estético. Falar de situações e emoções cotidianas, entreter, animar etc. não são ideais estéticos, de modo que as músicas, danças, pinturas etc. que servem a esse propósito não são arte. São uma forma de entretenimento, são formas de expressão, mas não são, a rigor, arte. Um dos piores problemas da cultura contemporânea é que a chamada indústria cultural produziu uma grande confusão entre arte e entretenimento, entre aquilo que os críticos norte-americanos popularizaram com os nomes de cult e pop. O cult é arte, o pop é entretenimento. A diferença entre cult e pop não é uma mera vestimenta conceitual e

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Estou no Rio desde o último sábado. Hoje fiz a prova de conhecimentos do processo seletivo do Mestrado em Filosofia da UERJ. Haviam sido indicados dois textos: As seções 1 e 2 da “Fundamentação da Metafísica dos Costumes”, do Kant (que os meus alunos da FCAT conhecem bem), e o cap. 1 de “Uma Teoria da Justiça”, do Rawls. Ou seja, dois textos clássicos e bem simples. Na hora da prova, sortearam para ver qual deles seria cobrado e o sorteado acabou sendo o meu querido texto do Kant. Passaram um trecho da seção 2 que fala da autonomia da vontade como princípio supremo da moralidade. Ou seja, nada demais. Mas é claro que, não importa o quão simples seja a proposta, sempre dá para fazer bobagem, então torço que eu tenha me saído bem. Quarta tem prova de lingua estrangeira e sexta tem entrevista. O dado que me surpreendeu hoje foi o número de alunos que não passaram na avaliação inicial do projeto. Nossa! Foram 64 inscritos e apenas 19 passaram nesse exame inicial. Ah, e olha que são 20 vaga

Palestra: “Não fale com a polícia” (vídeo em inglês)

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Ótima palestra. Primeiro, na primeira metade da palestra, o professor de Direito Penal, ex-advogado criminalista de defesa, expõe todas as razões por que suspeitos ou simples testemunhas, culpados ou inocentes, não devem fazer nenhuma declaração à Polícia quando detidos ou interrogados. Depois, na segunda metade, um policial, experiente e acostumado a interrogatórios, confirma a tese do Professor e ainda fala de algumas técnicas que ele usa ou já viu usarem para obter confissões. Excelente vídeo. Se você puder, separe um tempinho e assista a toda a palestra, pois vale muito a pena.

Discussão entre Chomsky e Foucault (Vídeos em inglês e francês, legenda em inglês e holandês)

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Discussão entre Chomsky e Foucault (Parte I) Discussão entre Chomsky e Foucault (Parte II)

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A foto acima é da ponte Hercílio Luz, um dos principais cartões-postais de Florianópolis. Hoje estou deixando a cidade, pelo menos temporariamente. Por volta de meio-dia, embarco num vôo com destino ao Rio de Janeiro, onde vou fazer as provas e a entrevista referentes ao processo seletivo do Mestrado em Filosofia da UERJ. Assim que estiver instalado no Rio (vou ficar num hotel em Copacabana), passo a dar novas notícias. A todos que torceram por mim na seleção aqui em Santa Catarina, agradeço e peço que renovem a torcida pelo meu êxito na Cidade Maravilhosa. Abraços!

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Fiz a entrevista agora de manhã, às 9h30. Fui entrevistado pelo Prof. Alessandro Pinzani e outros dois professores cujo nome não decorei (tomara que eles não leiam meu blog). A entrevista foi relativamente tranquila. Deu para perceber que o fato de eu vir de Direito e talvez não ter a mesma formação que os alunos da graduação de Filosofia os preocupava bastante. Deu para perceber também que o orientador que escolhi, o Prof. Delamar José Volpato Dutra, está repleto de orientandos e, por isso, se eu passar, talvez precise ter outro orientador que não ele. Isso seria uma pena. O Prof. Pinzani fez várias considerações críticas sobre o meu projeto (que ele fazia questão de repetir que não eram críticas, e sim sugestões de resposta, embora fossem, na verdade, críticas). Eu as respondi, mas não sei se satisfatoriamente, porque ele mantém sempre uma expressão neutra, lembrando-me do Prof. Antônio Maués, da UFPA. Agora tudo pode acontecer. É esperar o resultado, que sai no dia 04/12. Não parem

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Obrigado pelas mensagens de apoio na postagem anterior. Passei nas provas da UFSC. Não me informaram as notas, mas a entrevista está marcada para esta quinta-feira, 25/11, às 9h30. Depois disso, o resultado final sairá dia 04/12. Sábado vou para o Rio, concorrer na seleção da UERJ. Continuem torcendo por mim!

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Notícias de minhas provas de seleção para Mestrado em Filosofia. Estou em Florianópolis desde hoje às 00h10. Passei a madrugada estudando e fiz provas hoje de manhã e hoje à tarde. A prova da manhã foi de conhecimentos. Quatro textos: "Dois conceitos de liberdade", Isaiah Berlin; "A liberdade", John Stuart Mill; "Viver e morrer", Ronald Dworkin; "Notas programáticas para a fundamentação de uma ética do discurso", Jürgen Habermas. Sortearam as perguntas sobre dois: Berlin e Mill, infelizmente. Estava mais preparado para Dworkin e Habermas. Mas tudo bem, acho que fiz boa prova, não excelente, mas boa prova. Nessa preciso tirar o mínimo de 7,0 para passar à fase seguinte. A prova da tarde foi de proficiência em língua estrangeira. Tradução de um texto de uma página do Bernard Williams, "From freedom to liberty: the construction of a political value" (Convenhamos, o cara que escolhe um texto para ser traduzido do inglês para o português cha

Más leituras de Dworkin

No Brasil, Dworkin é mal lido e mal apresentado pelos comentadores. Apresentam-no como o teórico norte-americano que propôs que os princípios jurídicos devem ser levados em conta na tomada de decisões judiciais, que o judiciário deve decidir a partir de princípios stricto sensu, e não de políticas, e que a interpretação deve ser construtiva. Isso é um equívoco. Dworkin não propôs que essas coisas devam ser assim; Dworkin na verdade constatou que essas coisas são assim na prática da common law americana. Tampouco Dworkin propôs que o juiz deva ser como Hércules e tomar decisões a partir de uma reconstrução racional dos princípios que orientaram as decisões do passado; ele na verdade mostrou que qualquer decisão que pretende levar em conta os padrões fixados pela tradição anterior a ela precisa, para fazer sentido, pressupor a figura de Hércules. Por isso, cuidado com essas leituras. Dworkin é, na verdade, o teórico que renovou, através da noção de "integridade", a idéia do qu

Analogia e Interpretação Extensiva

Tenho ouvido e lido com certa frequência que hoje em dia não se distingue mais entre analogia e interpretação extensiva. Escrevo essa postagem para mostrar que essa precipitada identificação entre as duas figuras decisórias é um equívoco. Analogia é uma técnica de decisão que consiste em transferir para um caso não regulado o mesmo padrão decisório de um caso já regulado a que o primeiro se assemelha em aspectos relevantes. Funciona assim: O caso A não está regulado pelo Direito; mas o caso B está regulado pelo Direito e prescreve a solução X; ora, o caso A é suficientemente semelhante ao caso B para que se justifique que receba a mesma solução; logo, o caso A também pode receber a solução X. É importante notar que a analogia não é um subsunção: Não se diz que o caso A se encaixa no caso B, e sim que, sem negar que não se encaixa, A se assemelha suficientemente a B. Pelo contrário, a analogia é, por definição, uma técnica subsidiária da subsunção. Só se faz analogia para solucionar um

Verdade: Quatro Concepções

Verdade como correspondência : Concepção do realismo. Um enunciado é verdadeiro se diz que é aquilo que é ou se diz que não é aquilo que não é. É verdadeiro se está em correspondência com fatos no mundo. Verdade como coerência : Concepção do idealismo. Um enunciado é verdadeiro se está em conformidade (coerência) com outros enunciados já aceitos como verdadeiros. Já uma teoria é verdadeira se seus enunciados são coerentes entre si e coerentes com outros enunciados previamente aceitos. Verdade como conformidade a uma regra : Concepção do kantismo. Um enunciado é verdadeiro se existe uma regra ou um conjunto de regras (método, procedimento) capaz de validá-lo como verdadeiro. Verdade como eficiência prática : Concepção do pragmatismo. Um enunciado é verdadeiro se, tomando-o como referência em certa atividade, se alcançam resultados mais satisfatórios que os que alcança tomando como referência seus concorrentes.