Aforismo 2: Uma Abordagem Histórica
Até agora abordei o meu Aforismo 2 como um argumento conceitual: Toda outra forma de discurso que não a narração também possui, ainda que neutralizados, os elementos e as partes da narrativa. Gostaria agora de abordá-lo como um argumento histórico. No nascimento da cultura ocidental, na Grécia, a narrativa precedeu e foi mãe da poesia e do argumento. Primeiro veio o mito, depois veio o épico. O mito era a narrativa dos inícios, de eventos apresentados como singulares, mas que tinham significação universal, porque tinham estruturado o modo como as coisas são no mundo. Pode-se dizer que o mito é a primeira modalidade de discurso explicativo. O universal cotidiano (por exemplo, o eco que se ouve nas cavernas; o curso das estações do ano) se explica à luz de um singular extracotidiano (por exemplo, Eco falando com Narciso; Perséfone, suas visitas a Deméter e sua volta ao Hades). Já o épico não é a narrativa do singular que se torna eterno no cotidiano (como o mito), mas sim do singular que